segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Postura do Estilo Tribal


Texto sobre um dos aspectos mais importantes do tribal, escrito por quem mais entende do assunto, afinal foi ela que "inventou" tudo isso: Carolena Nericcio. Traduzi o texto do livro/revista do FatChanceBellyDance "Tribal Talk - the voice of FatChanceBellyDance". Podem usá-lo à vontade, mas peço por favor que dêem créditos! Tanto a quem escreveu, logicamente, como a quem traduziu. Afinal, traduzir Carolena Nericcio não é tarefa das mais gratas! Ela tem um jeito muito simples e objetivo de descrever coisas complicadas, espero ter conseguido reproduzir essa habilidade em algum nível nessa tradução! Enfim, informação preciosa direto da fonte!!!:D


"Postura - por Carolena Nericcio (tradução Mariana Quadros)"

Fui questionada diversas vezes ao longo dos anos sobre a postura usada em nosso estilo, interpretada por muitos como uma hiperextensão da coluna. É provável que esse erro comum seja cometido ou por quem nos assiste apenas nos shows ou por quem assiste às aulas, mas não é capaz de identificar os realinhamentos posturais e músculos envolvidos na nossa postura de dança. É fato que uma coluna arqueada, ou hiperextensão da coluna lombar, não só limitaria o controle dos músculos abdominais (eles ficariam rígidos) como causaria dor e possivelmente lesão na lombar.

Quando vamos dançar, transformamos a postura do dia-a-dia em uma postura que nos permita mais liberdade de movimento e uma silhueta esteticamente agradável. Na postura diária a coluna é feita para sustentar o tronco sem sobrecarregar o sistema muscular. As curvas naturais ao longo da coluna são um sistema de apoio genial, e são posicionadas para facilitar o equilíbrio da cabeça, dos ombros e das costelas. Nessa postura comum o topo da pélvis gira para frente, e a parte de baixo gira para trás, proporcionando uma condição em que o cóccix é usado como um “leme” para a movimentação do tronco. Na postura de dança, a parte de cima da pélvis gira para trás e a parte de baixo para frente, posicionando o peso nos calcanhares, atrás do centro natural do corpo. Essa mudança de peso serve pra liberar o cóccix e permitir que a pélvis fique “pendurada”, propiciando maior mobilidade. Porém, nessa nova postura as costelas ficam muito à frente do centro. Girando os ombros para trás e erguendo as costelas, redesenhamos temporariamente as curvas da coluna para equilibrar o corpo sem sobrecarregar os músculos necessários para a dança.

O que alguns interpretam como “coluna arqueada” (o que incluiria a hiperextensão do cóccix) é na verdade uma pélvis neutra com as costelas erguidas, criando um novo espaço para movimentação logo abaixo do diafragma. É um ponto estável, da mesma maneira que a postura diária.

As costelas não se erguem por nenhuma contração abdominal ativa, e sim pela contração de uma série de músculos nas costas, ao longo da coluna. Algumas pessoas acham essa postura desconfortável e difícil de manter no começo. No entanto, com tempo e esforço consciente, essa postura começa a parecer natural, até mesmo essencial para os movimentos da dança. Você não se inclina para trás, apenas muda o peso para trás do centro natural do corpo.

Esteticamente, a costela erguida e a coluna neutra combinam com os movimentos e atitude poderosa da dança tribal. Qualquer um entende a linguagem corporal confiante de um peito erguido; enquanto um peito afundado demonstra derrota e baixa auto-estima. Um peito erguido demais é sinal de insegurança camuflada por uma postura exagerada. Você deve parecer confortável na postura de dança, não na defensiva. Isso não quer dizer que o tronco neutro usado em estilos mais tradicionais de dança do ventre seja errado. Trata-se puramente de uma escolha da bailarina para se encaixar com os movimentos e atitude do estilo representado.

Tente esse exercício: fique em pé e aproxime os pés, talvez com os calcanhares se tocando e os dedos virados para fora apenas o suficiente para proporcionar equilíbrio (não com os dedos para fora como no balé). Aponte o dedo da mão para seu umbigo e empurre a cintura para trás, ao mesmo tempo em que libera o cóccix em vez de levantá-lo em hiperextensão. Agora, sinta como as costelas estão desconfortáveis, penduradas à frente do antigo centro. Para mudar isso, gire os ombros para trás espalhando as escápulas e erga as costelas contraindo o meio das costas. Isso deve lhe dar a sensação de que a coluna voltou a ser o principal suporte do tronco, proporcionando uma postura estável que lhe permitirá a movimentação para qualquer direção necessária. Experimente diferentes níveis de levantamento das costelas, já que todos são diferentes nesse sentido. Não erga demais as costelas, isso causará redução da mobilidade. Guarde o levantamento máximo das costelas para ênfase em movimentos da dança, como a ondulação ou rotação das costelas."

Foto tirada do flickr do FCBD: http://www.flickr.com/photos/29544674@N04

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Resistência e Falta de Confiança em Si

O trecho a seguir é de um livro chamado "A Guerra da Arte", de Steven Pressfield. É um livro curtinho e fácil de ler, mas seu conteúdo é super inspirador. Recomendo para qualquer um que crie ou tenha vontade de criar qualquer coisa nessa vida! Ele não está mais sendo editado, mas é fácil de encontrar nos sebos por algo em torno de R$15,00 (foi onde encontrei o meu!). Espero que esse trecho inspire alguém do jeito que inspira a mim!:)

"A falta de confiança em si mesmo pode ser uma aliada. Ela serve como indicador de aspiração. Reflete amor, amor por algo que sonhamos fazer, e desejo de realizá-lo. Se você flagar-se perguntando a si próprio (e a seus amigos) 'Serei realmente um escritor? Serei realmente um artista?', é bem provável que você seja.

O falso inovador é extremamente autoconfiante. O verdadeiro morre de medo."

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A título de exemplo

Fechando o ciclo das postagens anteriores em que falei sobre intenção na dança, presença de palco e coisas do tipo, resolvi colocar um vídeo que para mim é um exemplo conciso dessas questões. O vídeo é da Samantha Emanuel (antes de casar o sobrenome dela era Hasthorpe), a única integrante britânica do Bellydance Superstars. Sua jornada no tribal começou em 2005 quando, sem nenhuma experiência prévia em dança, foi encorajada por Rachel Brice a ir para os EUA estudar o estilo. Morou lá durante três anos e em 2007 tornou-se a primeira integrante britânica do Bellydance Superstars. Suas inspirações vão desde fotos antigas da Era Vitoriana a personagens de quadrinhos modernos; seu estilo é elegante e clássico, com forte presença e postura. Lembro-me de vê-la dançar pela primeira vez no Tribal Fest 2006, sem imaginar que seria a estrela que é hoje na dança. Naquela época já era uma boa bailarina, mas seu estilo ainda era bem carregado de referências da Rachel, e não chegava a se destacar na multidão. Agora, em 2010, considero-a um exemplo de presença de palco, personalidade e expressão no tribal fusion. A maioria de suas apresentações são cheias de feeling, suas escolhas musicais obviamente refletem seu gosto e estilo próprios e nem por um minuto parece que ela não está se divertindo enquanto dança. Sua dança evoluiu uns dez anos em quatro. Esse vídeo é dos mais recentes e definitivamente reflete seu melhor.



Informações tiradas do site http://www.vagabondprincess.com/
Para assistir grandão no youtube é só clicar duas vezes no vídeo!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Shabby Blogs

Depois de mudar o layout do blog três vezes em menos de dois meses, me sinto na obrigação de divulgar esse site, ou melhor, esse blog. O nome é Shabby Blogs e ele oferece layouts gratuitos para blogs, um mais fofo que o outro! Fica realmente difícil escolher! Meu conselho é, se escolher um não entre mais no site, senão vai querer trocar. Pessoa super indecisa como eu não pode com essas coisas não! Mas agora acho que sosseguei com esse:) Enfim, aí vai o link! Enjoy!!!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

É, é bem legal... Mas o que quer dizer mesmo?

Ultimamente tenho pensado bastante sobre questões como presença de palco, intenção na dança e assuntos desse tipo. Conseqüentemente (é, eu gosto de trema e vou continuar usando enquanto puder!) tenho sentido que um dos aspectos mais bacanas do tribal fusion tem se tornado justamente o que o faz ser mal interpretado e até mal visto em alguns casos.

O fato é que em comparação a outros gêneros de dança, temos uma grande liberdade em relação à escolha de músicas, trajes e repertório de movimentos. E sinto que isso tem virado sinônimo, em muitos casos, de ausência de significado. Para performances, são escolhidas as músicas mais improváveis e figurinos mais doidos ainda. Mas... O que quer dizer aquilo mesmo? Se é conceitual, qual o conceito por trás? Muitas vezes não fica claro para o público, e o que realmente me questiono é: Será que existe algum conceito ou intenção por trás daquilo? Ou é tudo só uma colcha de retalhos feita sob medida para impressionar e demonstrar da melhor maneira possível as habilidades (ou falta de, em alguns casos) da performer?

Se dança é arte, antes de qualquer técnica, a dança tem que ter verdade. Tem que ter coração. Escolher uma música só porque os outros usam ou um traje só porque é igual ao de alguma famosa, não é verdadeiro. Essas escolhas realmente refletem uma faceta da dançarina ou só foram feitas porque ela acredita que é assim que fica bacana para os outros?

Agora, porque não aproveitar essa liberdade para incluir um pouquinho de si na dança, nas escolhas musicais e de movimentos e nos trajes? Tenha em mente o que quer expressar. Não deixe que o anseio por fazer rápido e bem feito te transforme em um prato raso de significado. Permeie suas escolhas com o que faz sentido para você, mesmo que esse sentido não seja claro ou literal para os outros. Faça com que suas escolhas sejam pessoais. Uma das maiores inspirações que tenho nessa dança, uma vez me disse: “Não importa se você usa ou faz o que todo mundo está usando ou fazendo, contanto que aquilo faça sentido para você”. Talvez seja justamente isso que falta!