quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mitos do Tribal

Estou voltando agora depois de um tempo afastada por conta de viagens e projetos novos (depois conto sobre isso!) mas estava com saudade daqui!:) Vou começar transferindo tudo do blog do meu Multiply pra cá, pois vou fechar a conta por lá. Não dá pra manter 300 redes sociais ao mesmo tempo, e por enquanto minha prioridade é o blog! Começo por um texto que já tem divulgado em alguns lugares, mas não aqui ainda, por isso aí vai!


Mitos do Tribal -


Alguns mitos que circulam os meios do tribal no Brasil:

1) Pra dançar tribal tem que fazer carão.

No estilo tribal original, o ATS, as dançarinas simplesmente expressam o que quer que seja que estão sentindo. Se estão felizes, vão sorrir. Se é uma música que inspira uma expressão mais séria, vão ficar de acordo. A interpretação do tribal fusion com "carão fechado" foi a de um grupo (contingente tribal do BDSS), em uma época (2005 senão me engano), que já até passou. Mas por ser provavelmente o material mais famoso de tribal de que temos notícia, tem muita gente que ainda acha que pra dançar tribal tem que fechar a cara. Nada a ver. Muito pelo contrário, é uma dança muito abrangente em termos de expressão.

2) O Tribal foi criado pela Jamila Salimpour (ou pela Masha Archer).

Esse circula não só pelo Brasil, mas também pelo exterior. O grupo da Jamila Salimpour, o Bal Anat, não era e nunca foi intitulado como tribal, nem por ela nem por ninguém. Era simplesmente um grupo que, nos anos 60 se não me engano, reproduzia e fantasiava em cima de estilos tradicionais de danças orientais em feiras pelos EUA afora. Aí, a Jamila Salimpour teve como uma de suas alunas a Masha Archer, que trouxe alguns dos conceitos que serviram como base para Carolena Nericcio, sua aluna, criar aí sim o "Estilo Tribal". Entre alguns desses conceitos que Masha difundia estavam o uso das pernas cobertas, a cabeça envolta em turbantes, a dança em grupo improvisada e as formações em grupo apropriadas para serem vistas de uma longa distância, como em um palco. Carolena, por ser aluna da Masha, já tinha essas idéias em mente quando começou a dar aula para seu pequeno grupo de alunas, mas reparem que nada disso ainda tinha o nome de "tribal". Era só a interpretação delas da dança oriental. Na verdade, a Carolena no começo nem sabia que esse "estilo" delas era diferente dos demais. Mais tarde, quando elas começaram a aprimorar essas idéias, foi que alguém sugeriu que elas dessem um novo nome para o que estavam criando, e foi aí que surgiu
o título propriamente dito de "Tribal" ou, mais especificamente "American Tribal Style", conhecido pela sigla "ATS". A mãe do tribal é a Carolena Nericcio, não existia "tribal" antes dela.

3) Para fazer tribal fusion tem que saber fazer ondulações e peripécias abdominais, basta estudar os vídeos da Rachel Brice.

O Tribal Fusion é uma derivação do ATS. As principais características do ATS são (não listados em ordem de importância):

1. Os trajes ricos e que valorizam as qualidades femininas e da dança sem expor excessivamente o corpo;

2. A postura orgulhosa e o trabalho de braços e mãos com influência do flamenco;

3. A improvisação coordenada em grupo;

4. A atitude com que as dançarinas entram no palco, sua postura é de dançar para se divertir e não necessariamente para o público numa atitude de flerte ou "conquista";

5. Um senso de ligação com a terra e a natureza, os movimentos e trajes favorecem uma imagem menos "leve" e mais "tribal". Usa-se pouco a meia ponta, tecidos e trajes leves e sintéticos abrem lugar para mais "pesados" e naturais;

6. Um vocabulário de passos fechado e pré-estabelecido previamente ensaiado e comum a todas as dançarinas do estilo, salvo com pequenas diferenças entre um grupo e outro.

O Tribal Fusion se utiliza de alguns desses aspectos do ATS para criar uma dança nova. Portanto, o TRIBAL fusion, como o próprio nome já diz é a mistura do TRIBAL (ATS) com alguma outra coisa. Se não tiver NADA a ver com ATS, então não é TRIBAL fusion, simplesmente FUSION. Uma dançarina de tribal fusion, deve tomar do ATS, necessariamente, a postura, por ser uma das características mais marcantes do estilo. Tem que conhecer, mesmo que depois não utilize, uma parte desse vocabulário do ATS, senão não tem porque se chamar de tribal, entendem onde quero chegar?

TODAS as bailarinas de tribal fusion que conhecemos e amamos, por mais que algumas (como a Zoe por exemplo) não tenham estudado profundamente o ATS, tem familiridade com o estilo, conhecem e praticam a postura e a filosofia geral do troço...senão não tem por onde ser tribal! Um traje não faz de você tribal, nem uma música. O que faz de você tribal é saber de onde veio, estudo, ralar! Como em qualquer outra dança....um tutu não faz de ninguém uma bailarina...

4) Qualquer fusão de dança do ventre é tribal.

Meio que batendo na tecla do último mito, mas vamos lá. Ao contrário do que muita gente pensa, a Tempest, por exemplo, não é do tribal. Ela á gothic Bellydance, fusão de dança do ventre com estilo gótico. Nada de tribal, nem postura, nem trajes. É diferente, mas não é tribal. É fusão, mas não é tribal! Outro exemplo, se vocês procurarem vídeos da Anasma no youtube. Ela faz umas fusões com elementos teatrais, de hip hop, coisa fina. Novamente, é fusão, mas não tribal! Da próxima vez que assistirem um vídeo da sua bailarina preferida, tentem identificar onde está o tribal no “tribal fusion” dela. Com certeza vão achar! Quando não acharem, provavelmente, é porque não existe em nada além do nome! Não há nada de errado com isso apenas, vamos dar o nome certo pro estilo que a gente se propõe a representar.