quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A "filosofia" do Tribal

Tem uma parte que eu gosto muito no tribal, que é a idéia que existe por trás do estilo. A proposta do tribal, a princípio, é a de reunir um grupo de mulheres para dançar e permitir que elas tenham um mesmo vocabulário de passos e possam dançar juntas e se divertirem até mesmo sem se conhecerem. Essa é a premissa do American Tribal Style (ATS), estilo que se desdobrou e teve um monte de crias, inclusive o Tribal Fusion. Junto com essa idéia, surgiram outras, como a de expandir a dança do ventre para além dos meios em que ela circulava, basicamente de bares e restaurantes. O tribal, por ser uma dança em grupo, era mais apropriada para ser apresentada em palcos grandes, teatros e afins, o que abria o leque de locais e público. Além disso, também existia a vontade de passar outra mensagem com o tribal, diferente da dança do ventre, e que também é muito responsável pela caracterização do estilo.

Esse grupo de mulheres dançando juntas não dança para agradar a ninguém, nem para exibir seu charme. Elas dançam para si mesmas, umas pras outras, sem se preocupar se são magras ou bonitas para os padrões da sociedade. É uma maneira de celebrar o fato de serem mulheres e confraternizar. Elas vêm em grupos, poderosas, e não sozinhas como as bailarinas de dv. Por esse motivo, a dança do ventre tribal acabou atraindo um novo grupo de mulheres que muitas vezes nem pensaria em fazer dv tradicional. Daí vem o fato de ter muito mais "gordinhas" do que na dança do ventre, muito mais tatuadas, e por aí vai. Além do mais, pode-se dizer que as roupas permitem muito mais a valorização de diferentes biotipos, não existe nenhuma regra que diz que ela tem que ser de determinada maneira, as possibilidades são inúmeras e não é preciso mostrar nenhuma parte do corpo se essa não for a vontade da bailarina. Por isso é que os grupos de tribal nos passam aquela impressão de imponência, de "sim, nós somos demais!"

Daí, é impossível não sentir que esse aspecto do estilo fica bem enfraquecido na modalidade solo. O próprio nome é contraditório: tribal solo. Não existe tribo de um. Mas o fato é que apareceram bailarinas solo que usavam as mesmas roupas e a mesma técnica dos grupos, caracterizando-as, por mais que parecesse contraditório, como tribal. E o engraçado é que essas bailarinas, ainda que sozinhas, passam a mesma impressão de "eu não tô nem aí pro que você pensa" dos grupos. E é aí que entra a parte filosófica da coisa: a idéia está lá, aquela é a semente, por mais que se dance sozinha, sabe-se qual é a origem de tudo e existe a preocupação de preservar a idéia inicial.
Eu senti uma diferença imensa de atitude na primeira vez que vi uma bailarina de tribal, por mais que ela dançasse sozinha, existia alguma coisa ali que a tornava muito diferente de todas as outras que eu já tinha visto até então. E eu acredito muito que esse algo a mais não eram apensa passos ou técnicas.

Escrito em 2007

Veja do que estou falando, e sinta-se á vontade para discordar:

ATS


Tribal Fusion

3 comentários:

  1. Muito bom o texto,Mari.
    Concordo quando diz que as bailarinas de Tribal Fusion e ATS tem uma impressão de "eu não tô nem aí pro que você pensa".
    Esta postura diferente que me atraiu para as fusões na dança.
    É isso, Boa Sorte, Sucesso e Paz.

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  2. Sim, isso também me chamou muito a atenção desde o começo! Beijos e um bom final de ano pra você!

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  3. O que me interessou de primeira em 2007 quando conheci o tribal foi que pra mim ele é a tradução perfeita do poder feminino. Força e leveza em um mesmo corpo.
    No ATS isso é ainda mais bonito porque existe o grupo, a reunião e conexão de vários destes poderes para, como bem disse, dançar para nós mesmas.

    Adorei o post! ;)
    Beijos*

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