quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Citações de Dança

Estava procurando algumas citações da Isadora Duncan na semana passada, e achei esse site super legal, chamado "Dance Quotes", cheinho de citações de dança por coreógrafos, bailarinos famosos e outros nem tanto, e também citações anônimas, todas separadas por categorias. Adoro citações e acho-as super inspiradoras, então amei esse site! Só que elas são todas em inglês...

Traduzi algumas de que gosto mais entre as da Isadora Duncan, mas entra lá e dá uma olhada que vale muito a pena! Fiz essas traduções eu mesma, peço que se for usar em algum lugar por favor  seja legal e dê os créditos!

"Existem três tipos de bailarino: primeiro, aqueles que consideram a dança como um tipo de treino de ginástica, feita de arabesques graciosos e impessoais; segundo, aqueles que, concentrando a mente, conduzem o corpo para o ritmo de uma emoção desejada, expressando um sentimento ou experiência vividos anteriormente. E finalmente, existem aqueles que transformam o corpo em uma fluidez luminosa, entregando-o completamente à inspiração da alma."

"Todo movimento que possa ser dançado à beira do mar sem estar em harmonia com as ondas, todo movimento que possa ser dançado na floresta sem estar em harmonia com o balançar dos galhos, todo movimento que alguém possa dançar... na luz do sol, ao ar livre, sem estar em harmonia com a vida e a solidão da paisagem - todo esse movimento é falso, no sentido de estar fora de sintonia em meio às linhas harmoniosas da natureza. É por isso que o bailarino deve acima de tudo escolher movimentos que expressam a força, a saúde, a nobreza, o relaxamento e a serenidade das coisas vivas."

"Se buscarmos a verdadeira fonte da dança, se formos na natureza, descobrimos que a dança do futuro é a dança do passado, a dança da eternidade, sempre foi e sempre será a mesma... O movimento das ondas, dos ventos, da terra, é para sempre a mesma harmonia perene."



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Gothla 2012


O post de hoje traz a cobertura do Gothla 2012 que aconteceu no mês de junho no Rio de Janeiro e trouxe ao Brasil as bailarinas Ariellah (EUA) e Morgana (ESP). Quem contribuiu com as novidades dessa vez foi a Yoli Mendez. Brigadão Yoli! ;) Vamos lá:

"Confesso que o Tribal Gótico não é muito minha praia, mas como estudante de tribal, sempre que posso marco presença nos festivais que trazem bailarinas gringas para dar aulas. Este ano Jhade Shariff e Rhada Naschpitz trouxeram novos ares para o evento que acontece anualmente no Rio de Janeiro (ano passado com o nome de Tribes e esse ano como Gothla BR pois contou com a bailarina Morgana, criadora do evento gótico que leva o mesmo nome na Espanha).

Primeiro Dia - Sexta-feira dia 22 de junho

Bom, o evento se iniciou na sexta-feira, na escola Asmahan com os workshops das professoras convidadas Kilma Farias, Karina Leiro, Cibelle Souza e Paula Braz, Beth Damballah, Iman Najla e Morgana que encerrou o primeiro dia com um workshop de breaks e domínio corporal. Infelizmente só cheguei a tempo de fazer metade das aulas, então vou dar meu parecer sobre os works que pude participar.
Karina Leiro é sempre maravilhosa. Já fiz dois works com ela e sempre saio querendo mais. Ela ensina a fusionar os movimentos do flamenco com o tribal partindo sempre do movimento raiz, o que eu acho o máximo pois não aprendemos apenas um passo ou um combo, e sim aprendemos o movimento original que podemos ou não usar com o exemplo de fusão que ela propõe depois. Seguimos com Iman Najla, uma profe argentina que eu já conhecia pessoalmente de quando viajei para Buenos Aires para participar do seu evento que contou com a Ariellah em 2010. O workshop da Iman foi sobre técnicas de Dark Fusion, também me surpreendi bastante. Iman é uma professora super conceituada na Argentina que ensina e dança aquele gótico mais gótico do mundo, aquele que gosta de utilizar dentes de vampiros, punhais e lentes coloridas no palco, um estilo teatral, forte e sério. No work aprendemso a direcionar a energia dos braços e algumas maneiras de direcionar o olhar (aquele penetrante) para o público. Para finalizar, Morgana, muito simpática e linda nos explicou as diferenças entre locking, popping e breaks ensinando cada um deles em combinhos que futuramente uniu e fez uma coreografia. Deu para perceber que ela mandava muito bem e comecei a me animar para o show do dia seguinte, estava contanto as horas para vê-la dançar. E assim terminou o primeiro dia. Minha única reclamação foi o tempo de duração de alguns dos workshops, uma hora foi muito pouco :(

Segundo Dia - Sábado dia 23 de junho

O colégio Marista é lindo, adoro aquele lugar. O segundo dia se iniciou às 10:00 com o work "Combinações Avançadas" da Ariellah. como estava montando o ateliê não pude participar 100%. Ela utilizou alguns combos que já haviam sido ensinados nos workshops do ano anterior mas sempre vale a pena revisar :)
O workshop seguinte da Morgana foi sobre mímica animal. Ela ensinou alguns movimentos que referenciavam: pantera, serpente, gato, lobo, golfinho, cavalo e escorpião. Novamente juntou todos os combos de cada animal e fez uma coreografia só. Achei bem interessante, claro que nem todos aqueles movimentos ficaram bem para o meu corpo, hehehehe
Pausa para um lanchinho!
O segundo workshop da Ariellah foi sobre fluidez. Ela ensinou como ligar um movimento ao outro e realizar transições suaves entre os passos. Para quem já fez aula com ela, já é sabido: no começo aquela rodinha da galera sentada no chão e uma explicação maravilhosa sobre a importância da fluidez na dança, sobre a contração muscular, etc... O workshop terminou uma hora antes do esperado pois iria avançar no horário das mostras se continuasse, e o restante dele ficou para o dia seguinte. Me arrisquei em um improviso na mostra, hehehe

O show
Bem diferente do ano passado, o show me surpreendeu. O tema do show era Filmes Noir. A abertura foi bem legal, breve e divertida que contou com o personagem Saw do filme Jogos Mortais, ele era muito engraçado e ao mesmo tempo sinistro. Todas as nossas bailarinas estavam lindas, de verdade, mas minhas preferidas da noite foram: Aline Muhana, em uma interpretação maravilhosa do Poderoso Chefão, Gabriela Miranda, Cibelle Souza, Karine Xavier, Rebeca Piñeiro e Paula Braz. Ariellah é sempre maravilhosa, penetrante, intensa, sem palavras! Sobre a Morgana? Para mim ela foi quem levou o título da Rainha da Noite sendo aplaudida de pé após sua segunda performance. No geral o show foi maravilhoso, de super qualidade e de muito bom gosto. Terminado o show, o pessoal se reuniu em uma "after party" em um clube gótico. Essa parte eu vou pular, hehehe quem estava lá sabe o que quem não estava perdeu!

Terceiro Dia - Domingo dia 24 de junho.

Iniciamos com Morgana em um workshop sobre artes marciais e uso de adagas na dança, tenho certeza que depois de sua performance no dia anterior tinha muita gente empolgadíssima com esse work. O tema era bastante interessante porém não curti muito, nada com a aula nem com a professora, adagas e karatê é que não me apetecem muito. Seguimos com a Ariellah que finalizou o workshop do dia anterior sobre fluidez (com muitos giros para nossa alegria), passou alguns conceitos sobre movimentação no palco durante a dança (por sinal muito interessante) e prosseguiu com o workshop "O estilo de Ariellah". Não participei desse work então vou relatar o que a Gabi me contou (é a Gabriela Miranda mesmo). "Ariellah passou uma coreografia temática sobre um soldado e a guerra, com movimentos fortes e impactantes de grande apelo emocional e psicológico."
O segundo workshop da Morgana foi de deixar a língua para fora, quanta energia!!! De novo ensinou movimentos de Hip Hop em forma de combos unindo todos e formando uma coreografia no final com música Pump It do Black Eyed Peas, me diverti bastante com as meninas da Cia shaman. Finalizamos o evento com workshop "The Artist's"da Ariellah que foi considerado o melhor de todos por muita gente, um work bastante conceitual sobre intenção, foco, criatividade, personalidade e outras cositas más :) Adoro aulas conceituais!

Malinhas no carro e bora pra casa colocar tudo isso em prática!! No geral eu gostei bastante. Já tinha estudado com a Ariellah mas nunca com a Morgana. Senti falta de escutar a voz dela, hehehe, aprendemos bastante (e com um tempo bastante legal já que não tinha tradução) sobre novos movimentos e combos nos works mas senti falta de escutar o seu parecer ou intenção com os movimentos ensinados!

Ansiosa pelo próximo work :)"

Por Yoli Mendez

Yoli Mendez














Ariellah












segunda-feira, 16 de julho de 2012

Anasma Vuong em Salvador!

A postagem de hoje teve contribuição da Rebeca Piñeiro, diretora e proprietária da primeira escola dedicada exclusivamente ao tribal no Brasil, a Escola Campo das Tribos e também organizadora do evento internacional anual Campo das Tribos. Ela contou como foi a experiência na Caravana Tribal na Bahia, evento que aconteceu no mês de julho organizado por Bela Saffe com a convidada Anasma (FRA). Bom, chega de introduções e vamos ao que interessa!

Caravana Tribal - Bahia

Tive a grande honra de participar da Caravana Tribal que aconteceu em Salvador - BA nos dias 06, 07 e 08 de julho de 2012, organizado por Bela Saffe e que trouxe pela primeira vez ao Brasil a dançarina francesa Anasma. Digo que foi uma honra por ter aprendido muitas coisas, ter participado intensamente dos bastidores do evento e ver tudo fluir com uma excelente energia e profissionalismo. Realmente me encantei e voltei com as baterias recarregadas e muitas coisas para estudar.

Sobre Anasma:
Tive excelentes momentos ao lado dessa mulher. Depois de conhecê-la pessoalmente pude entender e admirar um pouco mais as suas danças. É uma pessoa muito inteligente, simples, educada, e muito dedicada ao que faz. Tive a grande honra de conhecer essa pessoa linda e aprender com ela muitas coisas que foram além da dança. Conversando com ela, soube que nasceu em Paris, morou menos de um ano na Índia, alguns anos em Nova Iorque e hoje vive com seu marido em Paris. Anasma não nomeia seu estilo como Tribal Fusion pois não usa o ATS como sua base, apesar de conhecê-lo bem. Ela o chama simplesmente de "fusion" ou seja "fusão", e sua principal base é a dança do ventre que estudou por 10 anos. Seus conhecimentos são inúmeros e seu condicionamento físico é incrível. Anasma tem uma energia inesgotável e contagiante, é brincalhona, imita animais o tempo inteiro e isso é realmente agradável vindo dela, pois é muito natural, quando me dava conta eu estava imitando um macaco ou uma foca, uma alegria que contagia!

Como professora Anasma é ligada no 220w! Sua aula é bem puxada e lotada de informações. No começo senti dificuldade em seguí-la mas quando a aula terminou me dei conta do tanto de coisas que havia absorvido e que sim, Anasma é também uma ótima professora. Anasma também utiliza muitos movimentos de yoga em suas aulas, junto com movimentos de Liquid e Hip Hop. Achei bem difícil mas é lindo e desafiador. Detalharei mais sobre as aulas quando for falar sobre os workshops. :)

O evento começou na sexta-feira, dia 06 de julho, com dois workshops com duração de 1h15 cada:
Técnicas de ATS para Tribal Fusion com Rebeca Piñeiro (eu!) e Tribal Burlesco com Cibelle Souza. A sala de aula estava cheia e tivemos a participação especial do Nino (gato da Bela) que assistiu as aulas de sua almofada em frente ao espelho. A Tara Ateliê Tribal expôs seus lindos produtos nesse dia.

Nos dias seguintes, 07 e 08 de julho, tivemos aula com Anasma das 10h às 13h. Ela ensinou técnicas de Hip Hop, arm wave, air walk e mais um monte de movimentos lindos e (para mim) difíceis. Anasma os faz com tanta perfeição e leveza que minha vontade era de parar tudo, sentar e apenas assistí-la (confesso que em alguns momentos era o que realmente fazia). Para manter a energia da turma, Anasma soltava gritos, fazia sons de animais e o mais legal foi que todos entraram no clima e respondiam com os mesmos sons. Foi divertido!

O Show:

O show aconteceu no dia 07 no Teatro do Irdeb (Federação). Foi muito bem produzido, fluiu sem nenhum problema. O cenário estava muito bonito e a casa estava cheia. Tivemos apresentações de profissionais e amadores no mesmo show, foi muito bonito e diversificado. Foi uma experiência muito boa, o clima estava suave, positivo, baiano!

Solos da Anasma:

Vou puxar mais um pouco de sardinha para ela porque realmente foi INCRÍVEL o que essa mulher fez no palco. Sua primeira dança durou 15 minutos (que pareciam apenas 4). Dançou e fez mímica durante a apresentação. Sua expressão, seus músculos, suas culturas, seus estudos, tudo ali, tudo muito bem feito, muito estudado, muito intenso e admirável. Anasma é realmente uma artista de excelente qualidade. Sua segunda entrada foi mais curta mas tão boa quanto. Anasma fez o anjo caído do céu e seu personagem começa como um anjo (claro!) e começa a conhecer os pecados como gula, luxúria, ganância, vaidade, etc. Achei a idéia muito bem executada. Anasma é MIL vezes melhor quando se vê ao vivo.

Bela Saffe (realizadora):

A Bela é um ser humano muito lindo e excelente anfitriã. Só tenho elogios. Realizou o evento com muito profissionalismo, alegria, respeito e suavidade. Um exemplo a seguir.

Aprendi muito, me diverti muito e pude conhecer mais sobre Cibelle Souza, Bela Saffe, Anasma e Kelly (Tara Ateliê Tribal), pessoas que ganharam mais respeito e admiração da minha pessoa. Não vejo a hora de voltar para a Bahia e viver tudo isso novamente! Agradeço muito a Bela Saffe pelo convite para dar workshop e dançar no show, foi uma experiência muito linda e produtiva! Obrigada Mariana Quadros pelo convite para este post em seu blog que tanto sigo!

Muitas coisas andam acontecendo no mundo tribal e acho de extrema importância valorizarmos as coisas boas como esse evento, realizado e frequentado por gente que estuda e respeita a arte, os seres humanos e as diferenças.

Hum... Já sinto vontade de comer um acarajé! :)

Rebeca Piñeiro

                             Imagens do show por Fernando Naiberg
Rebeca Piñeiro
Bella Saffe
Cibelle Souza
                                                                Anasma Vuong

sábado, 26 de maio de 2012

Questionamentos e estudo

De algumas semanas para cá venho percebendo uma coisa e hoje, estudando sobre a linhagem do estilo para passar para as meninas no meu curso mensal de ATS, realmente me dei conta disso... O tribal é um estilo absurdamente recente. Nada ainda é muito claro, ou muito explicado. Até mesmo muitas americanas, envolvidas na cena há anos, se deparam com informações conflitantes, dúvidas sobre origens, nomenclaturas e tantas outras coisas. É tudo muito recente e poucas pessoas se deram ao trabalho de pesquisar ou contar suas versões da história. Ainda existem muitos "buracos" em cada história. Existem poucas verdades indiscutíveis e inquestionáveis. Justamente por estar tudo sendo definido ainda, é o momento para oportunistas. Quem começar a se auto-intitular, a tomar posse pelas coisas, vai levar o crédito! Embora todas as pioneiras ainda estejam vivas e ativas, ao contrário do que imaginamos, elas não sentam para tomar chá juntas todos os sábados e trocar histórias sobre o passado. Existem muitos meandros da história que ninguém conhece, ou se conhece não divulga... Acho que isso nos leva a uma questão ainda mais importante como estudantes e profissionais. Devemos encarar essa situação com olhos abertos, e não levar o que ouvimos ou lemos sempre ao pé da letra... Lembrem-se, existem muitas versões para uma mesma história, e no tribal tudo ainda é terreno incerto. Por isso, não podemos nos fixar numa história e levá-la para o resto da vida como verdade absoluta. Devemos questionar, mas questionar com base em pesquisa, em informações obtidas, e não questionar por questionar, sem base nenhuma.  As informações são poucas, e muitas são passadas adiante no boca-a-boca. E todo mundo sabe como (não) funciona telefone sem fio. A história do tribal ainda está sendo escrita. E é responsabilidade nossa, de cada estudante e principalmente profissional, fazer seu máximo para conhecer os fatos e ser capaz de filtrar o que nos chega aos olhos e ouvidos. O que estamos fazendo agora, nesse momento, não importa se estamos no Brasil ou na China, já está entrando para essa história. Ela está sendo escrita agora, nesse momento. Se por vezes soo um pouco categórica em certas questões relacionadas ao tribal, esse é o motivo! Somos responsáveis por essa história, e pelo que passamos para frente para nossas alunas e para a comunidade em geral. Sendo poucas as fontes de informação, é nossa responsabilidade honrar as raízes e fazer a nossa parte para que o tribal cresça com integridade. No meio desse processo, como pesquisadora, nem comento o número de vezes que já precisei editar postagens no blog por descobrir coisas novas  (quando não contrárias) ao que eu sabia como verdade anteriormente, e acho que isso é uma consequência natural com uma coisa tão nova. Espero que, um dia, possamos saber todos os fatos e detalhes com clareza e verdade. E se isso nunca acontecer, que possamos nos consolar com o fato de estarmos fazendo o nosso melhor agora!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Tribal Fest 12

O Tribal Fest CA acabou de acabar e já estão saindo os vídeos no youtube. Já tem bastante coisa mas acredito que ainda falte bastante vídeos também. Pra acompanhar tudo, o canal oficial do Tribal Fest 12 no youtube! Ainda falta alguns pra eu assistir, depois eu comento meus favoritos! Divirtam-se!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Tribal ou não tribal, eis a questão...

Sinto que estão surgindo cada vez mais dúvidas a respeito do que precisa ou não precisa para dançar tribal e se categorizar dentro do gênero, e gente que quer dançar fusion se sentindo obrigado a fazer aula de ATS, e gente que mal sabe o que é ATS se denominando Tribal Fusion...

A verdade é que todas essas discussões são absolutamente sem objetivo... É tão simples e claro, não existe motivo para argumentações infinitas! ATS é ATS. Tribal Fusion originou-se do ATS, e a parte tribal que tem no "Tribal Fusion" é o tribal do ATS (American TRIBAL Style). Não quer saber nada de ATS? Curte break, fusão contemporânea, fusão indiana, seja lá o que for? Ótimo! Dance e chame de dança do ventre fusão, diga que tem inspirações tribais, fica tudo lindo, tudo é permitido e a vida é bela! Invente um nome pro seu estilo que não envolva tribal! Agora, quer ser profissional de tribal (fusion, gothic, vintage, cabaret, whatever)? É de se esperar que um profissional conheça e pratique, no mínimo, a história e técnica do estilo TRIBAL (novamente, American TRIBAL Style). Você confiaria numa professora de dança do ventre que não conhece o ritmo baladi, ou saidi? Porque confiaria numa professora de tribal que não sabe as técnicas do estilo tribal? Quer apenas dançar Tribal Fusion? Legal, arrume uma boa professora do estilo e toda base que você precisa de TRIBAL (leia-se ATS) estará presente nas suas aulas de Tribal Fusion. Não precisa fazer aula de ATS para dançar Tribal Fusion. Precisa sim, de uma boa professora que saiba quais são as técnicas de TRIBAL e saiba passá-las adiante de maneira didática, para que você tenha a base para depois misturar o que quiser. 

O que eu não entendo é como qualquer um que estuda e gosta, por exemplo, da Rachel Brice, pode não ver semelhança nenhuma do trabalho dela com o ATS. Creio que essa pessoa realmente não conhece muito bem o ATS. Indo mais além, sabemos que no contexto geral o "Tribal Fusion" está tomando rumos cada vez mais doidos e distantes do ATS. Porém, quantas vezes já viram as bailarinas "referência" se auto-rotulando como Tribal Fusion? Sinceramente, nem me lembro da última vez que vi alguma delas se auto-intitulando dessa forma. Então, porque temos a necessidade de nos auto-rotular e, ainda por cima, não ter estilo ou técnica equivalentes ao rótulo auto-imposto? Além disso, para misturar diversas referências e estilos de dança, tem que ter background! Quanto mais se aumenta o leque de fusões, mais chance se tem de dar errado quando as bases não são firmes! 

Só como um parênteses, e para quem ainda acha que ATS é absolutamente dispensável para dançar Tribal Fusion, quando fiz o Teacher Training com a Carolena Nericcio lembro dela contando que um dia viu chegar no estúdio uma menina nova, bonita, se registrando para fazer uma aula de nível 1 de ATS. Quando ela olhou o nome na lista, estava lá, a já famosa Zoe Jakes. Portanto, estudo nunca é demais, e todo mundo tem que começar do começo em algum momento da vida. 

Então, porque pular etapas? Porque não respeitar o diacho do estilo e aprender do jeito certo, para fazer só uma vez? De que adianta anos de estudo para depois descobrir que o que você aprendeu estava longe de ser uma base sólida e suficiente? Vamos respeitar nosso tempo e dinheiro? Vamos respeitar o estilo e suas raízes? Se for para dar nome, vamos dar o nome certo?

Só para acrescentar, reparem nos "títulos" nos sites de algumas bailarinas:

http://www.rachelbrice.com/rb/Welcome.html

http://www.kamiliddle.com/

http://www.sherribellydance.com/

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Bê-a-bá do Tribal Pt.2


Aí vai a segunda e última parte do post!

*ITS - Improvisational Tribal Style (ou estilo tribal de improvisação)

O ITS é um derivado do ATS, e indica simplesmente que um grupo utiliza o sistema de improvisação coordenada em grupo do ATS/ FCBD, porém com repertório de movimentos que vai além, ou até mesmo em direções diferentes do utilizado no ATS. Mesmo sistema de improvisação, repertório de movimentos diferente. Um dos principais exemplos de grupo de ITS que eu conheço é o californiano "Unmata". Elas além de coreografia, trabalham o sistema de improvisação coordenada em grupo por meio de combos.

Unmata - ITS

* Tribal Fusion -
Acredito que esse estilo foi o principal responsável pela propagação mundial do tribal. Ele surgiu quando bailarinas do ATS foram saindo para criar suas próprias estilizações e acrescentar ainda mais fusões ao caldeirão de influências. Não existe uma ordem certa de quem iniciou esse movimento, pois na época não havia nem pretensão e nem consciência de que isso tomaria proporções tão grandes. Apenas aconteceu que, algumas bailarinas/ alunas de Carolena, quiseram se aventurar em suas próprias experiências, dando vazão à criatividade e fazendo uma fusão em cima da fusão. Daí o nome "Tribal Fusion": é o "tribal" do ATS acrescido de fusões do que a imaginação permitir, seja de origem oriental ou ocidental, antiga ou moderna. Algumas das bailarinas apontadas como pioneiras do Tribal Fusion e que estavam na cena desde o começo foram Frederique e Jill Parker, entre outras. Ao contrário do que se imagina, Rachel Brice chegou bem depois na cena, que acontecia quase que exclusivamente na região da baía de São Francisco, CA. Como o Tribal Fusion não tinha um formato específico como o ATS, bailarinas solo surgiram, até que o grupo internacional Belly Dance Superstars incluiu o estilo - até então relativamente novo para o mundo - no show, com a contratação de Rachel Brice. Por fazer turnês mundiais e produzir cds e dvds de alcance internacional, o Belly Dance Superstars lançou o tribal para o mundo, e as bailarinas do grupo, como Rachel Brice, Sharon Kihara e Mardi Love viraram referência instantânea do estilo.

Sharon Kihara - Tribal Fusion

Urban Tribal - Grupo de Tribal Fusion/ Contemporâneo

Do Tribal Fusion, surgiram e ainda surgem muitos sub-gêneros como o Dark Fusion, praticado pela Ariellah, o Tribal Brasil, praticado por várias bailarinas brasileiras que misturam ao Tribal Fusion influências de danças regionais brasileiras, o Tribal Gótico, o tribal com fusão de dança contemporânea, como os grupos Urban Tribal e Uzumé, e assim por diante. Muitas bailarinas criam nomes para seus estilos de tribal, daí vão se criando cada vez mais sub-gêneros... Mas o importante é saber que todos eles vêm da mesma raiz, e são apenas mais um pequeno desdobramento da grande e constante evolução que é o estilo tribal!


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Bê-a-bá do Tribal Pt.1


Com tantos estilos e rótulos é bem fácil confundir-se com as nomenclaturas no tribal! Por isso, coloco aqui os principais nomes que encontramos quando estudamos tribal. Por ser um assunto extenso, vou dividir esse post em duas partes, uma em cada semana. Esta é a primeira:

* Tribal - Genérico assim, sem nenhuma especificação, geralmente faz referência ao Tribal Fusion ou ATS, mas também pode significar uma dessas duas modalidades:

1) Danças de tribos de qualquer parte do mundo;

2) O estilo tribal "original", criado pela Jamila Salimpour e sua trupe Bal Anat nos anos 60, na Califórnia. Caracteriza-se por diversas danças árabes misturadas em um show. Trabalho em grupo e solo, uso de snujs, uso de coreografia e danças folclóricas com um "tchan". Porém, deve-se observar que esse estilo de "tribal" não era assim chamado na época, como escrevi nesse post antigo. De qualquer forma, foi o estilo que deu início ao movimento tribal que temos hoje em dia, pois Jamila deu aulas para Masha Archer, que deu aulas para Carolena Nericcio, que criou o "American Tribal Style", ou "ATS". 

Vídeo do Bal Anat:



*American Tribal Style, ou ATS - 


Esse foi o estilo que surgiu dando início a um movimento, por assim dizer. O ATS nasceu no final dos anos 80 em São Francisco, CA. Quando a trupe de Masha Archer, chamada "San Francisco Classic Dance Troupe", se desfez, Carolena começou a dar aulas para que tivesse parceiras com quem dançar. Suas aulas tornaram-se populares entre as pessoas mais alternativas que queriam fazer dança do ventre mas não se encaixavam nos padrões estéticos ditados pela dança na época. Da sementinha deixada por Masha, Carolena fez uma plantação, e criou o estilo que veio a ser chamado de "ATS". Segundo ela, o "American" do título deixava claro que era uma criação americana, e portanto não oriental, e o "Tribal" descrevia a sensação e estética da dança, com mulheres dançando reunidas, em "tribo", e com uma mistura de trajes autênticos de diversas partes do mundo. O ATS é um estilo de improvisação coordenada em grupo em que, com base em um repertório comum a todas as bailarinas do estilo, cria-se uma dança improvisada por meio de sinais, chamados de "cues". Para dançar ATS precisa-se no mínimo de duas pessoas, e o repertório de movimentos vem principalmente da dança do ventre, mas também tem forte influência do flamenco nos braços e postura, e pitadas de danças folclóricas do Oriente Médio e danças clássicas indianas. O principal exponente do ATS é o grupo da própria Carolena, chamado FatChance BellyDance (FCBD). Para mais informações, acesse o site do FCBD.


Vídeo do FCBD:



Segunda-feira que vem, a continuação do "Bê-a-bá do Tribal":)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Uma nota sobre presença de palco

A partir de 0:50



Fim.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Recomendação de livro 1

Bom, para a primeira postagem do ano (e inauguração do visual 2012/ apocalipse) resolvi colocar mais um trecho de um livro que já recomendei aqui, mas aproveito a oportunidade para recomendar de novo. É um livro fininho, de leitura rápida, chamado "A guerra da arte", do Steven Pressfield. Se você já leu, recomendo que leia novamente! O li pela segunda vez agora nas férias, e ele foi mais incrível ainda do que da primeira. Acho que é daqueles livros que a gente sempre tem que voltar a ler, para não esquecer. É indicado para qualquer um com pretensões artísticas ou empreendedoras em qualquer área. Basicamente, o autor identifica, dá nome e armas para combater uma coisa que todos sentimos: a dificuldade que é realizar um trabalho criativo ou artístico, aquele monte de obstáculos que "nos impedem" de fazer o que temos de fazer. Ele dá a isso o nome de Resistência. E é sobre ela que fala esse trecho:

"Resistência e Racionalização - parte 2

Resistência é medo. Mas a Resistência é astuta demais para mostrar-se dessa forma sem disfarces. Por quê? Porque se a Resistência nos deixa ver claramente que nosso próprio medo está nos impedindo de realizar nosso trabalho, podemos nos sentir envergonhados. E a vergonha pode nos levar a agir diante do medo.
A Resistência não quer que façamos isso. Assim, ela apresenta a Racionalização. Racionalização é, para a Resistência, aquele assessor que cuida da boa imagem do chefe. É a maneira usada pela Resistência para esconder o porrete da coerção às suas costas. Ao invés de nos mostrar nosso medo (que pode nos envergonhar e nos impelir a realizar nossa obra), a Resistência nos apresenta uma série de justificativas plausíveis, racionais, para não fazermos nosso trabalho.
O que é particularmente insidioso a respeito das racionalizações que a Resistência nos apresenta é que muitas delas são verdadeiras. São legítimas. Nossa mulher pode realmente estar no oitavo mês de gravidez; pode estar realmente precisando de nossa presença em casa. Nosso departamento pode realmente estar implantando uma reforma que consumirá horas de nosso tempo. De fato, pode fazer sentido adiar o término de nossa dissertação, ao menos até o bebê nascer. O que a Resistência omite, é claro, é que tudo isso não significa nada. Tolstoy tinha treze filhos e escreveu Guerra e paz. Lance Armstrong teve câncer e já venceu o Tour de France quatro vezes."

Tenham um ótimo começo de ano!